Espinhos! - Bernardino Matos

Foram tantos os espinhos,
em meu coração plantados,
que por mim foram regados,
que marcaram meus caminhos.

Eu plantei tantos espinhos,
com meus gestos egoístas,
em pessoas altruístas,
cerquei-me de desalinhos.

Pessoas que me amaram,
com tanta sinceridade,
com tanta intensidade,
meus desprezos amargaram.

Almas simples e tão puras,
que minha triste cegueira,
que minha alma rasteira,
negou-lhes tantas ternuras.

Enfrentei tantos dilemas,
sangrei por tantas veredas,
e em ermas alamedas,
paguei com tantos problemas.

Eu custei a enxergar,
que os espinhos eram meus,
por me afastar de Deus,
deixei minh'alma sangrar.

Custei a me reerguer,
cada um fui arrancando,
e hoje estou lamentado,
não ter sabido viver.

Mas se ainda me resta,
um trecho a percorrer,
eu quero de amor morrer,
pedir perdão só me resta.

Se eu pudesse voltar,
e devolver os carinhos,
e florir tantos caminhos.
e cada rosto beijar.

Diante de uma roseira,
eu vejo que a beleza,
no auge de sua nobreza,
não é pra alma rasteira.

O sentimento mais nobre,
é saber reconhecer,
é querer enternecer,
mesmo sendo tão pobre.

O meu único lamento,
é tanto tempo perdido,
por me ter tanto ferido,
no espinho do desalento.

O amor não tem fronteira,
nem tempo e nem escala,
é eterna antessala,
de uma vida verdadeira.

E sendo assim sem medida,
sem tempo, nem duração,
é o eterno anfitrião,
em permanente acolhida.

Embora não volte atrás,
o lugar dos meus espinhos,
posso regar de carinhos,
recuperando a paz.

Há tantos rostos sofridos,
que eu posso afagar,
tenho tanto amor pra dar,
eu choro os tempos perdidos.

Bernardino Matos
Fortaleza - CE - 15/04/2007