Uma folha de papel - Renate Emanuele

A noite deu lugar ao novo dia
E mais uma vez a solidão vigente
A insônia tomou conta da mente
Na alma um lampejar de agonia

E no balouçar dos sentimentos
Em versos vou escrever o que sinto
Se disser que te esqueci, então eu minto
Pois não deixas meus pensamentos

E nesta folha de meu diário
Na pauta, rabiscos e nada mais
Esquecer você, em tempo jamais
Do meu presente és o relicário

Em minha boca a lembrança do mel
Escritas em desalinho, um impasse
Rolando lágrimas de minha face
Vai manchando o branco do papel

Renate Emanuele
São Paulo - SP

Uma folha de papel - Bernardino Matos

Uma folha de papel,
em branco, silenciosa,
mas sempre esperançosa,
do toque de um pincel.

Ela gosta de acolher,
os meus rabiscos aflitos,
o silêncio dos meus gritos,
a dor do meu bem-querer.

Jamais a deixo sozinha,
ela é minha companheira,
onde sacudo a poeira,
dessa solidão só minha.

Ela simplesmente escuta,
não julga meus sentimentos,
não reprime meus lamentos,
nada comigo disputa.

Ela é minha mensageira,
transporta os meus afeitos,
penetra em outros tetos,
minha fiel escudeira.

Mesmo que sem resposta,
ela consegue dizer,
o que sinto por você,
é um elo de quem gosta.

E, aqui, estou eu só,
com a alma na janela,
olhando essa lua bela,
sofrendo de fazer dó.

E embora sinta frio,
ao ficar toda molhada,
com a lágrima rolada,
não emite nenhum pio.

Bernardino Matos
Fortaleza - CE - 11/01/2007



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