Enamorou-se... Encheu teus olhos de desejos e colheu-me do ventre da terra... Fui o arabesco que envolveu o teu corpo e o azul do teu olhar fez-me peregrina dos teus caminhos... Depois de fazer-me sentir um ideal quimérico de uma existência em tuas mãos macias, deixou-me num altar em vaso de cristal, tal qual uma pedra preciosa... intocável... Sufocante liturgia... Devolva-me! Não quero teu altar como moradia... Desejo voltar ao meu vôo matinal com as andorinhas, voltar a viver... Naidaterra Osasco - SP Fatigado amor que se fragmentou em mil cristais, torna-se impossível juntar os cacos na sua restauração Dentro da minha alma flutua ainda sua voz, simulo não tê-la amado com tamanho ímpeto Dói-me nunca mais vê-la nua entre lençóis brancos, o doce contato das mãos enamoradas se encontrando A paz da paixão saciada, a alegria de acordar aos beijos, o carinho no rosto dormido que no meu encosta, deixa uma terrível sensação em eternizar a perda Fitando seu retrato lembro a entrega amorosa, que transcende a insone nostalgia da madrugada Nada se perderá do que foi vivido, desejado e amado, porque festivamente cantamos a mesma canção de amor, e ele viveu o tempo exato para se tornar inesquecível. Paulo Silveira de Ávila
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