Devolva-me! - Naidaterra

Enamorou-se...
Encheu teus olhos de desejos
e colheu-me do ventre da terra...
Fui o arabesco que envolveu o teu corpo
e o azul do teu olhar fez-me peregrina
dos teus caminhos...
Depois de fazer-me sentir um ideal
quimérico de uma existência
em tuas mãos macias, deixou-me
num altar em vaso de cristal,
tal qual uma pedra preciosa... intocável...
Sufocante liturgia...
Devolva-me!
Não quero teu altar como moradia...
Desejo voltar ao meu
vôo matinal com as andorinhas,
voltar a viver...

Naidaterra
Osasco - SP

Fatigado amor - Paulo Silveira de Ávila

Fatigado amor que se fragmentou em mil cristais,
torna-se impossível juntar os cacos na sua restauração
Dentro da minha alma flutua ainda sua voz,
simulo não tê-la amado com tamanho ímpeto
Dói-me nunca mais vê-la nua entre lençóis brancos,
o doce contato das mãos enamoradas se encontrando
A paz da paixão saciada, a alegria de acordar aos beijos,
o carinho no rosto dormido que no meu encosta,
deixa uma terrível sensação em eternizar a perda
Fitando seu retrato lembro a entrega amorosa,
que transcende a insone nostalgia da madrugada
Nada se perderá do que foi vivido, desejado e amado,
porque festivamente cantamos a mesma canção de amor,
e ele viveu o tempo exato para se tornar inesquecível.

Paulo Silveira de Ávila



Fundo Musical: Emmanuelle's Theme - Ernesto Cortázar

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