Nadir Luiz Poeta Corto o teu retrato, faço-o em pedaços, Jogo-os no lixo e, convulsivamente, Choro e murmuro, triste, me refaço ... Sinto-te distante... será que me sentes? *** Rasgaste o retrato... Fragmentaste a imagem. Entre lágrimas, Saudade, solidão... **** Então... me arrependo, pego os fragmentos, Tento, em vão colá-los... onde estão teus braços? Onde está teu rosto?... e os teus sentimentos? Teus sonhos... teus olhos...teus risos... escassos? *** A cada pedaço rasgado! A dor lancinante, Dos braços decepados, Rosto retalhado. *** Busco outras fotos, outros negativos... Álbuns, coletâneas de recordações, Nem sequer me encontro... será que estou vivo? Choros convulsivos... tristes emoções... *** O que restou de nós? Senão meras recordações! Perdidos em labirintos, Atormentados pela separação... *** Onde estão teus braços... tento remendá-los... ...e o teu sorriso bem perto do meu? E teus olhos doces... como vou colá-los? E os nossos sonhos... o que aconteceu? *** Não tente um quebra cabeça! A emenda, seria desastrosa. O doce olhar há muito azedou... Em pesadelo o sonho se transformou. *** Quando me dou conta, estou tão sozinho; O quarto é enorme, é imensa a sala... Olho-me no espelho bem devagarzinho Tento conversar, mas minha voz se cala. *** Solidão! Foi o preço imposto! Falta de diálogo, compreensão. Amargando a separação... *** Mas... com quem falar? No espelho sombrio Minha boca triste sequer balbucia Teu nome... que frio... Na casa... vazia... *** Paredes! Única companhia... Espelho revelando sofrimento, A morte hoje, seria companhia bem vinda...
Nadir A.
D'Onofrio Luiz Poeta
|