A RAPIDEZ COM QUE O TEMPO PASSA

(Maria Tomasia)



Às vezes, fico observando
a rapidez do tempo se esvaindo,
como que obedecendo a um comando,
fazendo com que a vida vá diminuindo.

Os minutos não cessam de correr,
como os pássaros que estão a voejar:
tão rápido que ninguém os pode suster,
nem conseguir as mãos, neles, pousar.

Bem que poderia ser mais lento,
para que pudéssemos ter mais encanto
até para apreciar o passar do vento,
enquanto estamos nesse recanto.

O tempo é sempre inclemente;
chega rápido para nos fustigar,
transformando a vida da gente
num eterno e triste recordar.




VIAJANTE DO TEMPO

(Eugénio de Sá)



Soltei velas ao ventos do destino
Enfunado de vida e de esperanças
E nas maretas brinquei qual menino
Misturando quimeras e lembranças

Fiz-me às vagas das grandes emoções
Ergui proa aos mais doces amores
E nas brumas das minhas frustrações
Vivi das amarguras os sabores

Hoje navego em mar de calmaria
Rumo ao porto de abrigo que escolhi
Nesta bolina branda da extasia

E arrumei de vez o meu sextante
Pois nos astros só quero agora ler
Que o amor sem limite é pra diante




A PASSAGEM DO TEMPO

Antonio Barroso (Tiago)



Será o tempo uma mera forma de contagem
como uma ampulheta da vida,
ou apenas a medida duma mudança de vento?

Se, na criança é fresca aragem,
sempre em movimento,
com sonhos no pensamento até ao nascer do dia,
na adolescência, são fantasias, na cadência
dum desabrochar da poesia.

E o tempo muda, tal qual o vento,
de aragem a ligeira brisa
que, duma forma algo imprecisa,
começa a moldar o sentimento.

Adulto, com mais idade
sente, por vezes, sem calma,
a brisa transformar-se em tempestade,
com todos os medos da alma.

Na hora da despedida dos longos anos de labor,
em que enfrentou, com valor,
os desafios duma vida,
muda-se em furacão, como toiro enraivecido
que rasga o peito e o coração.

Súbito, o tempo já não norteia
o vento que se esfuma no nada,
apaga-se a candeia
dum ciclo com hora marcada,
e, no ar, nem um som ficou,
nem um sopro surgiu.

A ampulheta pode ser virada,
caiu o último grão de areia,
o vento se extinguiu
e o tempo terminou.

Parede - Portugal



Créditos:

Texto de Maria Tomasia
Rio de Janeiro - RJ - 27/04/2011

https://www.crlemberg.com.br/menucarlos.htm

Arte e formatação de Jô Abreu

15/09/2012





Fundo
Musical: Un piano sur la mer - Andre Gagnon
 
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