Esquecer jamais - Gui Oliva

lembro de toda aquela doideira
na preparação do grande evento
que se chamava domingueira
as meninas preocupadas
com que traje eu vou???
qual a opção
o vestidinho balão
ou o tomara que caia?
melhor seria a mini saia?

os meninos ensaiavam os passos
ritmados e bem bolados
a melhor curtição para dançar
é que agora... sem ficarem grilados
seguindo Elvis... podiam rebolar

a tarde de domingo então chegava
sempre na casa de alguém
que já possuía o “um em um”
o famoso estéreo para,
com nome de biscoito,
rodar, ainda não era o long play,
mas a bolacha de um 78!

e a folia começava
da tarde às quinze horas... para encerrar
impreterivelmente e a contragosto
às dezoito... quando muito um choro
de mais meia hora... para lançar
todos os bichos pra fora!!!

e o mais gostoso,
pelo menos pras meninas,
era a novidade libertária
do dançar separados
e em rodopios revezando
para de quando em vez
um abraço apertado...
e cada menino coitado
à essa altura... com tesão controlado (ou quase...)

os comes e bebes eles mesmo
já haviam providenciado
sanduichinho de pão pulmann
recheado com patê de presunto
e a bebida... de levantar defunto
era rum com muito gelo
e coca cola
a famosa cuba libre
garrafas compradas
com a caixinha grupal
doada pelos pais a esmola

e pro meu gosto
pra me deixar um tanto
quanto atônita
não dispensava o gin com
água tônica
e como sobremesa
roubados rápidos beijinhos
e um bombom
chamado... e reclamado bis...

agora, o que era demais
e bem legal
era... no encerramento
a música final
Elvis atacava afinado
o “Love me tender”
e os casais então se formavam
para então dançar agarradinho
e de rosto colado!!!
não posso esquecer!

Gui Oliva
(Guilhermina Ferreira Oliva)
Santos - SP



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