Marca de amor - Domingos Alicata

Papel...
Simples folha de papel,
é como me sinto agora...
Papel comum, sem cor
nem desenho.

Apenas marcado por traços
confusos, uns fortes, outros
fracos...

Como se parte da minha vida
tivesse sido apagada e reescrita...

Sem nexo, sem enredo...

Apenas pequenos trechos que
no amor encontraram motivos
para marcas deixar.

Busco mãos delicadas, amorosas,

Que, em mágico origami, faça renascer
o homem-papel. Com renovada forma,
revigoradas marcas...

Que me reconstruam...
Dobrem minhas alegrias...
Recortem minhas tristezas...

No primeiro beijo da manhã. Entre braços
amantes e lábios ardentes que na poesia
sintam o verdadeiro gosto do prazer...

Não sendo assim, no entanto, que eu fique
esquecido na mesa de um bar, na esperança
infinita de que alguém deixe em mim - por fim -
alguma simples marca de amor...

Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 05/10/2006

Marcas de amor - Helena Morais

Papel...
vejo em minhas mãos,
uma simples folha de papel,
marcada por traços confusos,
alguns fortes, outros fracos,
parecem não ter nexo...

Observo atentamente,
cada traço, cada marca
que alguém ali deixou um dia,
e que hoje, repousa esquecido,
sobre esta mesa de bar...

Com a alma enternecida de poesia,
busco o sentido oculto nessas linhas...
e vejo além...da tristeza ou da alegria,
com alguns poucos recortes delicados,
a folha de papel se transformar...

Volta a ser a árvore frondosa,
abrigando sob os ramos generosos,
os amantes, que entre ardentes beijos,
cravaram em seu tronco, com esperança,
as marcas de seu amor eterno...

Helena Morais
São Paulo - SP - 05/10/2006

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