Que importa, se as
flores estão mortas,
e hoje, desolado esteja o meu jardim...
Se das árvores, se foram as folhas,
e que só um vento triste, cante aqui...
Se brancas névoas, engoliram as cores,
e encobrem toda a vida em torpor...
Que importa, se o inverno existe,
tanto na natureza, quanto em mim...
É só uma estação, uma parada,
o repouso para a nova escalada...
Há o tempo em que tudo se recolhe,
um sono frio, em dormente solidão,
e introvertido silencio, a alma envolve...
Embora, tudo pareça triste e vazio,
a vida se concentra, hibernando,
e prepara, as novas cores do porvir...
Fechando ciclos, reciclando forças,
após o inverno,
o mundo renovado sempre acorda,
nas sementes pequeninas,
que sonharam o verão...
Helena Morais
São Paulo - SP
Chego ao meu ciclo final...
Meus ressequidos galhos projetam-se ao céu,
qual mãos contritas em busca de confirmação
divina...
Meu olhar reflete apenas um desbotado
azul
e o verde, da esperança há muito se perdeu.
A noite profunda se aproxima, misteriosa e triste.
Na confirmação dolorosa da lunar ausência, as
cores já não mais me acompanham...
Minhas forças diluem-se! Meu olhar
descrente,
inutilmente tenta ultrapassar os limites da vida
enquanto meus versos, já solidários, perdem o
seu antigo ardor e confirmam a dor.
Em teu lindo verso me refugio, na
esperança
última de mais um verão alcançar...
Ilusão, segreda-me a vida! As
estações se foram
e tuas sementes a germinar não virão mais.
É o tempo em que tudo se recolhe...
Restarei, enfim, sozinho em teu
jardim, como uma
pobre folha morta, recitando meus desolados versos
de amor...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ -
19/06/2007
Fundo Musical: Autumn Rose - Ernesto Cortázar
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