Da essência humana se nutre o poeta na poesia da vida, que recolhe e dá-lhe a forma em verve mais dileta no desfiar do mote a que se acolhe. É feita de silêncios e de memórias a longa noite do poeta. Longe ficaram os frios invernais, vividos de mistura com versos de solidão. Pela sua janela aberta ao mundo assomam-se, distantes, as luzes e os bulícios da cidade grande. Debruçado na mesa de trabalho, vela-lhe a escrita a escassa luz de uma tremulenta lâmpada. Como parece fluida a paz que os seus versos desfrutam, embalados pela tépida brisa que espreguiça a madrugada! Mas, de súbito, empalidece a fronte do asceta de coração mimoso; e ele escreve, um atrás d’outro, emocionado, os versos da saudade, da tristeza... em que todo o seu ser está mergulhado. - É assim o poeta; um ente amargurado! Eugénio de Sá Agosto/2008
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