BEIJOS
Humberto Rodrigues Neto
Deixa que eu beije tuas orelhas, teus
cabelos,
a fronte, os olhos, as tuas mãos e os antebraços;
quero o teu ventre e os teus quadris em beijos tê-los,
e em beijos ter as tuas pernas e os teus braços!
Do dorso às nalgas, do pescoço aos cotovelos,
do ombro aos seios, que não restem leves traços
do que eu não beije... A boca, os pés e os tornozelos
deixa-me encher de beijos puros ou devassos!
Que em teus joelhos e em tuas coxas meus desejos
jamais encontrem empecilho em que os encubes,
e expostos fiquem dos meus lábios aos adejos!
Mas, pelos Deuses! Por Osíris! Por Anúbis!
deixa-me pôr o mais ardente dos meus beijos
no teu vestíbulo do céu, ao sul do púbis!
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São Paulo/Brasil
BEIJOS
Carmo Vasconcelos
Qual a mulher que negaria ser adorada
com tal fervor nos lautos beijos ofertados,
são de poeta, certamente à idolatrada
deusa que encarna os seus desejos mais ousados.
São beijos raros que explodiram transformados
de um verso amante, num soprar de musa alada,
que a pena em êxtase, nos dedos desvairados
não segurou, levando o gesto à boca augada.
E na ansiedade do poeta em seu dilema,
a inspiração transborda em forma de beijar,
pondo em seus beijos toda a força de um poema.
Vingado assim da ágil palavra fugidia,
extrai dos lábios o poeta a melhor gema,
misto de beijos de paixão com poesia!
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Lisboa/Portugal
14/Abril/2012