No silenciar da espera habita a
ânsia.
A aparente calma esconde o medo
que acelera a decomposição.
A invisível mão que cala minha boca
jamais foi ferida por meus espinhos.
A espera,a solidão e a ansiedade
consomem a minha vontade de reagir.
Não há como fugir do temporal!
O jardim que outrora anunciara meu desabrochar
hoje se cala ante o meu
despetalar.
Beatriz por um triz*
São Paulo - SP
Mas é também da pétala caída sobre a
terra
Que esta retira a seiva que a mesma planta realimenta
E assim que o ciclo de vida de uma flor se encerra
Um outro germinar a própria planta de novo inventa...
O que importa é que seja o solo
bastante fecundo
E que a planta tenha bem fortes e vigorosas as suas raízes
Pois são em ciclos que se move e se renova o mundo
E são essas renovações que possibilitam que sejamos felizes
A flor que encantou e que hoje você
sente despetalar...
Não és tu, mas sim apenas de ti, uma parte vistosa
Uma parte a quem cabe um dia de ti ter que se afastar
Para que ao te renovares tu continues sempre formosa
Embora sejam diferentes os ciclos que
nos apresenta a vida
Cada um deles tem sua beleza própria na sonoridade do seu canto
Há que se crer que após todo inverno retornará a estação florida
Assim como há que se crer que retornará o riso, após todo pranto.
Por isso minha amiga não te aflijas
com a renovação, pois ela é mister
Ainda que possa nos amedrontar, um céu de escuras nuvens, carregado
Pois após a tempestade, tu te sentirás a mesma brava e guerreira mulher
Aquele ser de luz que com os teus versos a tantos e tantos tem iluminado!
Maurício Santanelli
Fundo Musical: Hymne a l'amour - Édith Piaf
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