INVISIBILIDADE do corpo, pelo tempo transformado para se por presença do passado ou ser, entre os demais, o mais antigo. Vivendo sem sequer contar um amigo, sem nunca questionar sobre o destino, aceita a imputação de seu castigo pendente dos preceitos do Divino. Os seus passos, parceiros do perigo, pontapeiam no piso malcuidado. Pesa-lhe o pranto preso, não chorado, ante a falta da face de um amigo... Outros passos com ele dividiram a poeira do chão já desgastado. Quantos pés, quais os seus, não se serviram do mesmo pó por ele levantado... Fala às falas que falam. É inaudível o que diz. Ouvir querer quem há de, na cidade que o tem como invisível? Não há quem queira ouvir os lastimáveis lamentos dos seus passos. A cidade o moveu para o mar dos miseráveis! Aqui nasceu, viveu a mocidade. Para e passa a pensar: parece incrível. Ninguém o vê vivendo essa cidade! é tido entre os ninguéns, os retiráveis, os que se vão, sem voz, além da idade! astor_piazzola-ojos_tristes.mid Créditos Criação, Arte e Formatação Ana Maria Kilesse |