Um voo singelo

 

 

 


Um voo singelo


Escrevia meus poemas nesta tarde quente de verão,
quando o sol subitamente cedeu seu lugar à uma chuva que
chegou sem avisar.
Relâmpagos rasgavam o céu numa fúria que me assustou.
Foi quando resolvi desligar meu computador, e fiquei aqui
relaxando,descansando meus olhos fatigados e avermelhados,
devido ao tempo excessivo em que aqui me encontrava.
Debrucei minha cabeça sobre a mesa e deixei meu pensamento
correr solto, como sempre costumo fazer quando me sinto
cansada mentalmente.
E foi neste instante em que vi uma borboleta entrar pela janela
e pousar docemente sobre a tela de meu computador.
E fiquei estática a contemplar a sua beleza.
Tomei cuidado em não fazer algum ruído que a assustasse,
pois queria ficar admirando a sua beleza, a nuance de suas
cores suaves que culminavam na mais perfeita harmonia.
Não lembro de jamais ter perdido meu tempo com tais
contemplações...
Pensei logo na sapiência de Deus ao criar seres tão perfeitos
e lindos quanto àquela pequena borboleta que descansava
suas asas, bem ali, na minha frente.
Nem Renoir, nem Picasso,ou quem quer que fosse, teria
pincéis tão minúsculos e nem habilidade para fazer contornos
tão precisos e criar cores tão harmoniosas entre si.
O medo dos raios e da tempestade a fizeram buscar um lugar
seguro para se proteger.
Ela não poderia quebrar ou ferir suas asas.
Senão, teria sua vida ameaçada e ceifada talvez.
Ela foi feita para voar, encantar...
E naquele momento senti que éramos cúmplices, que nossos
medos talvez fossem os mesmos, não sei...
Minha vontade era de pegá-la em minhas mãos,sentir a
suavidade de suas asas, mas antes que fizesse qualquer
movimento neste sentido, ela voou e saiu pela mesma janela
que permanecia entreaberta.
Tentei acompanhá-la com o meu olhar, mas ela se perdeu
entre os prédios, entre as árvores...
Percebi então que a chuva havia parado e o sol voltava a
derramar seus raios quentes sobre a terra molhada e fértil.
E com isso,nem percebi o passar do tempo.
Mas o momento também havia chegado para mim

Era hora de sair de meus devaneios e fazer como aquela
encantadora borboleta: voltar á VIDA!!!

Regina Bertoccelli


(todos os direitos reservados)




Fundo Musical: Em teus braços - Corciolli
 
 
Próxima   Crônicas Menu Principal