Brasil 2006: o mistério desvendado

Recebi em 26/04/2006

 


Noite insone, sinto-me naufragar entre as ondas de notícias dos úl-timos meses – e o mistério que as acompanha.

Tantas CPI's, tantas acusações... Mas sempre resta algo por ser re-velado, qual se a mão do destino houvesse encoberto a origem das coisas.

E eu penso, penso...

Entre um raio e um trovão, uma clareza incomum: encontro, final-mente, o núcleo da situação.

É tamanho o impacto, que me sinto Arquimedes e quase saio des-nuda pelas ruas a gritar EUREKA! Porém, a Júlia, da Belíssima, só deverá usar tal palavra no final da novela. Então, ninguém enten-deria o que digo; sairia por aí em vão, sob tanta chuva; e minha nudez poderia ser vista como atentado ao poder.

Pois é... Brasileiro fala demais e pensa pouco.

Vive-se reclamando de que, aqui, tudo acaba em pizza (e há quem afirme que fomos “descobertos” pelos portugueses... Quanta igno-rância!), sem que se entenda a realidade dos fatos.

Se as CPI’s não chegaram à conclusão alguma, é porque seus excel-sos os membros necessitavam de tempo para refletir e chegar a um consenso que demonstrasse a lisura com que executam seus traba-lhos. Não se pode culpar inocentes.

Porém, agora, temos solucionada a questão: sabemos a origem do dinheiro do Valerioduto, que motivou toda essa parafernália.

Angélica Aparecida de Souza Teodoro, guardem esse nome, disfar-çada de empregada doméstica, é uma agente da CIA, e tem por missão levar o brilhante governo do Companheiro Lula ao caos ab-soluto. Assim, ela furtava latinhas de manteiga, para vender no mercado negro, após o que enviava o dinheiro  sujo (imaginem o quão sujo seria, já que provinha do mercado de negros), para lava-gem no nordeste, pelas lavadeiras do Rio São Francisco. Isto fei-to, o suposto pai de seu comparsa, o “pretensocaseiro France-nildo, remetia o dinheiro ao filho, através de transferência bancá-ria, para Brasília. Conseguem entrever aqui o Eixo da Corrupção? Mil vezes pior do que o criado por Hitler e Mussolini.

E Francenildo, o nababo, era quem supria a conta do Sr. Valério e seus ilustres amigos.

Simples, não?

Francenildo e Angélica estão no Brasil há muito, mantidos pelos áu-reos tempos henriqueanos, quando todo cidadão merecia dentadu-ra, frango e iogurte. Com tanta mordomia, não foi difícil que aqui sobrevivessem, sem que se levantasse qualquer suspeita quanto a sua real identidade.

E, aqui, cabe um voto de louvor aos insignes, excelentíssimos e meretríssimos juízes do supremo Tribunal Federal, que resolveram aliviar nossos presídios dos pequenos infratores que os infestam, reduzindo as penas de crimes insignificantes, tais como estupro e latrocínio. Em sua pré-claríssima visão, é necessário criar espa-ço para acolher os que tentam motivar o caos social.

Penso que o próximo passo, após o esvaziamento das cadeias e prisões, é claro, será recorrer ao ato mais democrático que o país já conheceu: o AI 5.

Sob tal égide, nossas gloriosas forças armadas podem percorrer o país prendendo domésticas e caseiros e livrar-nos dessa terrível ameaça, que conseguiu comprometer a moral e a honra dos nossos digníssimos parlamentares. Onde já se viu, isso é coisa que se faça? Aqueles desvelados seres, que dedicam suas vidas ao engrandeci-mento do país, serem, assim, tão insanamente aviltados em seu beneficente trabalho?!. Que horror!

Mas eis que surge a manhã e sinto-me aliviada. Tudo elucidado, presos esses infames caseiros e suas domésticas, poderemos, todos dormir em paz.

E quanto ao LulaLá, descobri, também, algo muito interessante: Há a quem chamemos de Onisciente, Onipresente e Onipotente. Per-cebem a semelhança? O nosso aqui, é inconsciente, onipresente (quase consegue estar em todo o mundo ao mesmo tempo, tanto viaja; pior que o Viajando Henrique Cardoso) e... Bom, quanto ao último termo... Quem sou eu para comentar o potencial da potên-cia alheia, não é mesmo? Mas como ele paira acima de toda essa balbúrdia, em condição de mero expectador... Como é o criador observando a sua criação... Tem semelhança, ou não tem?

Mistério resolvido, acho que vou dormir. Eu mereço.

Patrícia Neme



Fundo Musical: Aquarela do Brasil
 

 
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