Noite insone, sinto-me naufragar entre as ondas de notícias dos úl-timos meses
– e o mistério que as acompanha.
Tantas CPI's, tantas
acusações... Mas sempre resta algo por ser re-velado, qual se a mão do destino houvesse
encoberto a origem das coisas.
E eu penso, penso...
Entre um raio e um trovão, uma clareza incomum: encontro, final-mente, o núcleo da situação.
É tamanho o impacto, que me sinto Arquimedes e quase saio des-nuda
pelas ruas a gritar EUREKA! Porém, a Júlia, da Belíssima, só deverá usar tal palavra no final
da novela. Então, ninguém enten-deria o que digo; sairia por aí em vão, sob tanta
chuva; e minha nudez poderia ser vista como atentado ao poder.
Pois é... Brasileiro fala demais e pensa
pouco.
Vive-se
reclamando de que, aqui, tudo acaba em pizza (e
há quem afirme que fomos “descobertos” pelos portugueses... Quanta igno-rância!), sem que se
entenda a realidade dos fatos.
Se as CPI’s não chegaram à conclusão alguma, é porque seus excel-sos
os membros necessitavam de tempo para refletir e chegar a um consenso que
demonstrasse a lisura com que executam seus traba-lhos. Não se pode culpar
inocentes.
Porém, agora, temos solucionada a questão: sabemos a origem do dinheiro do
Valerioduto, que motivou toda essa parafernália.
Angélica Aparecida de Souza Teodoro, guardem esse nome, disfar-çada de empregada doméstica,
é uma agente da CIA, e tem por missão levar o brilhante governo do Companheiro Lula ao caos ab-soluto. Assim, ela furtava latinhas de manteiga, para
vender no mercado negro, após o que enviava o dinheiro sujo (imaginem o
quão sujo seria, já que provinha do mercado de negros), para lava-gem no nordeste, pelas lavadeiras
do Rio São Francisco. Isto fei-to, o suposto pai de seu comparsa, o “pretenso” caseiro France-nildo,
remetia o dinheiro ao filho, através de transferência bancá-ria, para Brasília. Conseguem entrever aqui o Eixo da Corrupção? Mil vezes
pior do que o criado por Hitler e Mussolini.
E Francenildo, o nababo, era quem supria a conta do Sr. Valério e seus ilustres
amigos.
Simples, não?
Francenildo e Angélica estão no Brasil há muito, mantidos pelos áu-reos
tempos henriqueanos, quando todo cidadão merecia dentadu-ra, frango e iogurte. Com tanta mordomia, não foi difícil que
aqui sobrevivessem, sem que se levantasse qualquer suspeita quanto a sua real identidade.
E, aqui, cabe um voto de louvor aos
insignes, excelentíssimos e meretríssimos juízes do supremo Tribunal Federal, que
resolveram aliviar nossos presídios dos pequenos infratores que os infestam, reduzindo as
penas de crimes insignificantes, tais como estupro e latrocínio. Em sua pré-claríssima visão, é necessário criar espa-ço para
acolher os que tentam motivar o caos social.
Penso que o próximo passo, após o esvaziamento das cadeias e prisões,
é claro, será recorrer ao ato mais democrático que o país já conheceu: o AI 5.
Sob tal égide, nossas gloriosas forças armadas podem percorrer o país prendendo domésticas e
caseiros e livrar-nos dessa terrível ameaça, que conseguiu comprometer a moral e a honra dos nossos digníssimos parlamentares. Onde já
se viu, isso é coisa que se faça? Aqueles desvelados seres, que dedicam suas vidas ao engrandeci-mento do país, serem, assim, tão insanamente
aviltados em seu beneficente trabalho?!.
Que horror!
Mas eis que surge a manhã e sinto-me aliviada. Tudo elucidado,
presos esses infames caseiros e suas domésticas, poderemos, todos dormir em paz.
E quanto ao LulaLá, descobri, também, algo muito interessante: Há a quem chamemos de Onisciente, Onipresente e
Onipotente. Per-cebem a semelhança? O nosso aqui, é inconsciente, onipresente (quase consegue estar em
todo o mundo ao mesmo tempo, tanto viaja; pior que o Viajando Henrique Cardoso) e... Bom,
quanto ao último termo... Quem sou eu para comentar o potencial da potên-cia alheia, não é mesmo? Mas como ele paira acima de
toda essa balbúrdia, em condição de mero expectador... Como é o criador observando a sua criação... Tem semelhança,
ou não tem?
Mistério resolvido,
acho que vou dormir. Eu mereço.