Fraternidade universal - Nossos indigenas


Desde criança, sempre tive atração pelo modus vivendi de nossos indígenas, sempre acossados e maltratados, perseguidos pelo sim-ples fato de serem os verdadeiros donos desta nossa terrinha.

Sempre me revoltei com a maneira pela qual os indígenas sempre foram tratados.

Ora, eles já estavam aqui quando os europeus chegaram. Eles eram os donos da terra. Pelo menos é de se supor que o fossem, pois aqui estavam, embora não tivessem documentos comprobatórios da posse da terra. Talvez seja por isso que desde logo foram persegui-dos.

Sempre houve tentativas para escravizá-los. Acontece que o natu-ral espírito de liberdade dos índios, indispuseram-nos ao trabalho escravo. Deixavam-se morrer, mas não trabalhavam.

Até mesmo o trabalho de catequese, desenvolvido com a melhor das intenções pelos Jesuítas, poderia ser considerado prejudicial para a cultura indígena, pois a Fé Cristã, que lhes era imposta pe-los jesuítas, contrariava todos os dogmas pelos quais eles haviam vivido desde há muitas gerações.

Bem, desde essa época, até os dias de hoje, praticamente nada mudou.

Os indígenas continuam sendo perseguidos, humilhados e maltrata-dos. De antigos donos da terra, hoje vivem confinados em Reservas Indígenas, teoricamente a eles destinadas.

Teoricamente, pois suas terras são constantemente invadidas por posseiros que querem cultivar, por madeireiros, que se dedicam à extração clandestina (interessante esse conceito de clandestinida-de, pois todos sabem que ela existe,  sabem quem são os extrato-res,  e nada se faz para puni-los,  além de brandas multas,  que não lhes pesam nos ganhos abusivos), e, como se não bastas-se, também por garimpeiros, sempre em busca de um novo filão. Sendo que estes, são os mais violentos de todos, promovendo ver-dadeiras chacinas nas aldeias indígenas.

Quando os silvícolas procuram as cidades, é que a humilhação é completa.

São tratados como curiosidades, como animais num zoológico. E pior, como aconteceu recentemente numa rua de Brasília, são queimados vivos por jovens da sociedade, que promoviam ino-cente  brincadeira... E depois eles é que são os selvagens... e nos-sa Justiça que liberta  os autores  de tão hediondo crime... não se-remos nós, mais selvagens do que eles?

Gente, penso que é chegada a hora de se repensar na maneira de se tratar esses, que são os autênticos brasileiros. Que as autorida-des, sobretudo a FUNAI (saudade de Vilasboas...), procure um tra-tamento mais condizente com sua condição de seres humanos (sim... apesar de índios, são seres humanos, por mais estranho que possa parecer a muita gente...).

Já ouviram falar em Fraternidade? Pois é. Os indígenas, por serem criaturas humanas, também, são filhos de Deus, também são nos-sos irmãos, merecendo portanto um tratamento condigno.

Sem dúvida alguma, é chegada a hora de se fazer algo em benefí-cio dos verdadeiros donos da terra. É chegada a hora de se levantar a bandeira indígena. E isso sim, será um ato de verdadeiro patrio-tismo. Afinal estaremos defendendo os direitos dos mais autênticos brasileiros.

É ridículo falar-se em Fraternidade, vendo nossos irmãos indígenas, vivendo na triste situação em que se encontram. Vamos repensar tudo?

Marcial Salaverry
Santos - SP


 

 
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