aquele pretinho básico) deixava o corpo ligeiramente exposto numa sensualidade sutil. O suave brilho dos lábios e dos brincos iluminavam aquele rosto já não jovem, mais de um encantamento ainda maior com o passar do tempo. A ansiedade pelo encontro lembrava a adolescência. O coração acelerado, as mãos um pouco frias. Santo Deus, acuda!!!! Ela engoliu um elevador que insiste em subir e descer pelo estoma-go. O som de um carro estacionando na rua chegou como um relâmpa-go em noite de tempestade. Mais uma gotinha de perfume ;e aquele suspiro profundo como se quisesse inspirar toda a sedução do mundo. Ao toque da campainha abre a porta com ar displicente como quem desconhecia a palavra ansiedade. Ao deparar com o cavalheiro que por tantas semanas a encantava por correspondência pensou: (ele não pode vir e mandou um men-sageiro desculpar-se pessoalmente). Ledo engano! Aquele homem era em carne e osso (muito mais osso que carne ) o príncipe que por tanto tempo ocupou seu coração virtualmente. Não havia nada de loiro nele, sua pele era morena e seus cabelos grisalhos. Seus olhos verdes de um castanho totalmente escuro e seu sorriso de marfim, um marfim amarelado pela nicotina, porém de uma meiguice infinita. Detalhes apenas, pensou. Ofereceu-lhe um café, uma água, um suco enfim, tudo que não ti-vesse álcool pois ele odiava álcool mas ele preferiu mesmo lhe pe-dir um whisky e assim, em menos de uma hora de silêncio o litro estava vazio. Affff... acho que ele está tentando acalmar-se para posteriormente contar todas aquelas historias lindas, entrelaçadas com as poesias de Fernando Pessoa que tanto me encantaram. Outro engano!!!! O senhor pouco falava e procurava mais observar o cenário, as xí-caras de porcelana, os copos de cristal e, ainda assim ela pensou: "deve ter um gosto apurado, e certamente aprovará a decoração de minha casa". Finalmente ele levantou-se e olhando-a no fundo dos olhos sacou sua arma e comunicou: - "quietinha belezura, se não reagir nin-guém vai se ferir". Pouco tempo depois estava ela descabelada, com a meia rasgada, e a casa totalmente assaltada. Moral da historia: Os príncipes são personagens de contos de fadas. Você pode transformar o sonho em realidade mas jamais poderá transformar a realidade num sonho. Beatriz por um triz* |