Obrigado, Supremo Tribunal Federal!

Recebi em 24/06/2018

                                                                                                                                             
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Obrigado, Supremo Tribunal Federal!
Comandante Marcelo Rates Quaranta

Eu quero agradecer, em meu nome e em nome de todas as pessoas comuns, cidadãos simples do meu país como eu, pelas últimas
decisões tomadas pelo nosso Egrégio Supremo Tribunal Federal.

Sim, o Supremo fez de nós pessoas melhores do que
pensávamos ser.


Quando olhávamos aqueles Ministros sob suas togas, com passos
lento e decididos, altivos, queixos erguidos, vozes impostadas
ditando verdades absolutas e supremas, envoltos numa aura de
extrema importância e autoridade, nos sentíamos pequenos,
minguados e reles plebeus diante de uma Corte que beirava o
sublime, o inatingível e o intangível.


Com essas decisões o Supremo conseguiu fazer com que a minha percepção sobre mim e sobre nós mudasse.
Eles não são deuses.
São pessoas tão pequenas e tão venais, que qualquer
comparação que eu faça de mim e de nós em relação a eles,
seria desqualificar-nos a um nível abissal.
Tudo aquilo é fantasia, tudo aquilo é pose e tudo aquilo não passa
de um teatro, mas nós somos reais.


Foi aí que eu vi o quanto somos mais importantes que eles!
Enquanto as divindades supremas encarnam seus personagens
de retidão e lisura, mas com suas decisões abduzem a moral e
destroem o país (e de quebra a reputação do Judiciário),
nós brasileiros comuns e sem toga trabalhamos arduamente
dia e noite para construir o país, ou pelo menos para minimizar
os danos que eles provocam.


Então... Como é que um dia eu pude vê-los como sendo
superiores a nós?
Eu estava enganado.
Nós somos muito superiores a eles, mesmo sendo zés, joãos,
marias, desde o pequeno ambulante ao médico ou engenheiro.
Nós somos as verdadeiras autoridades, porque nossa autoridade
não foi conferida por um político malandro capaz de tudo com
uma caneta.
Nossa autoridade nos foi dada pela nossa força de continuar
tentando fazer um Brasil melhor.


Fico sinceramente com pena é dos advogados, que são obrigados
a chamar esses ministros de Excelência, ainda que com a certeza
de que não há excelência alguma nos serviços que eles estão
prestando à nação.
Acho que deve ser o mesmo sentimento de ser obrigado a
chamar o cachorro do rei de "my lord".


Agora eu sei o quanto somos bem maiores que eles, mesmo sem
aquelas expressões em latim e doutrinas rebuscadas cheias de
pompas e circunstâncias, que no final significam apenas passar
perfume em merda.
Se há alguém realmente importante no Brasil,
esse é o Excelentíssimo Povo Brasileiro, que apesar de tudo é
obrigado a sentir o mau cheiro que vem da grande Corte,
e mesmo com náuseas e ânsia de vômito, tem que acordar as
5 da manhã pra fazer aquilo que eles não fazem:
Produzir.


Obrigado, Supremo, por nos mostrar que hoje o rei sou eu
e o meu povo.
***

Ilustração: Aliene Imagens: Internet

Fundo Musical: The Godfather (Sicilian Song) - Fausto Papetti
                                                                                                                                                                                
                                                                                                                                                      
 
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