Eles se conheceram, e muito se entenderam sempre ele dava a ela uma rosa, com o tempo marcaram o casamento.
A festa foi simples, mas muito organizada, ambos estudaram so-mente
até
o segundo grau, mas como moços pobres era o orgulho da família.
Levavam uma vida simples, e mãe da moça tinha uma pequena casa nos
fundos, os amigos os ajudaram a mobiliá-la, e como pessoas humildes e
amorosos que eram não precisavam vida melhor.
Ela não
concebeu, à noite chegavam do comércio iam dar uma
vol-ta
na
praça onde havia lindas rosas, e conversavam alimentando o
aroma das
mesmas, outra noite iam visitar
o Shopping, apenas vi-sitar, pois o salário não
dava pra comprar muita coisa, mas comiam bem e trajavam com elegância,
bem
segundo as condições de um casal pobre.
Só deitavam no mesmo horário, trabalhavam na mesma loja,
vol-tavam
a
pé, sorrindo e
brincando, um amor igual aquele era
difícil encontrar na terra.
Chegavam a casa, quando não iam passear
a noite, enquanto ela prepara o jantar ele limpava os móveis, aguava as plantas, orga-nizava o
quarto, ele cuidava da
esposa como se ela fosse uma criança mimada, até
mesmo quando ela tinha insônia, ele cantava uma canção de ninar, sempre
lhe dizendo, oh!
Boneca linda, vo-cê trabalhou muito hoje, agora
tem de descansar, vamos
viver unidos para sempre e uma família vamos criar...
Se ela adoecia ele desabava a chorar e este carinho era recíproco.
Mas a
vida tem sua traição e às vezes, o que nunca imaginamos acontece...
Um dia voltou do trabalho, ela reclamou uma dor na perna esquer-da,
ele
massageou, colocou compressa, a dor era aguda, ele a levou ao
hospital,
poucos
minutos uma triste notícia ela falecera.
Ele como era muito educado não fez escândalo, chorou demais,
ela
era
tudo para ele, se
queres saber mais, ela fazia sua barba, cor-tava seu cabelo, suas
unhas, até um perfume era ela que lhe passava, e ele a levava
nos
braços para repousar.
Durante o velório o zelador da Praça trouxe lindas rosas e a cobriu
com
muito cuidado.
Após o sepultamento a mente dele fugiu, ele pensava estar pas-sando
por
pesadelo, mas acordava era verdade, triste, já
magro, não voltou mais ao
trabalho, fez um ranchinho ao lado do cemi-tério, todos os
dias o coveiro o levava na sepultura dela, lá ele procurava uma rosa ainda
que murcha que alguém
havia troca-do num túmulo e colocava sobre o túmulo de
seu eterno
amor.
Sua sogra levava o almoço e a janta, (
ele perdera seus pais quando era criança e as dificuldades do mundo foi sua escola) os vizinhos do cemitério
o levavam para banhar todos os dias,os amigos levavam roupas e calçados.
Cada dia mais pálido foi acometido de uma pneumonia, seu corpo já
frágil, a mente afetada pela amnésia, não lembrava nem do pró-prio nome,
nem
do nome dos
familiares, nem de sua idade, mas um mistério
existia... da
esposa que tanto o
amou ele não esqueceu de nada.
Com seis meses, pesava menos de trinta quilos, prostrou-se no
leito
pressentiu a morte muito próxima, disse ao
coveiro, posso lhe fazer o último
pedido?
Claro meu amigo... Aliás, único amigo que tive na vida, será que a
mente
voltou para despedir
do mundo?
Ele disse: peço-te, coloque minha caminha ao lado
da sepultura da
minha
princesa, sou um moribundo, e já não tenho mais
esperan-ça de vida,
quero morrer ao lado de sua cova, posso lhe fazer
mais um pedido?
Sim, disse o coveiro, ainda mais eu, que fui rude, espanquei, maltratei
nunca dei uma flor para aquela que cuidou de
mim, até que um dia ela morreu, vivi desiludido e vim aprender
a amar com você.
Então disse o moço: Fala aos casais que amem, perdoem e que os maridos
nunca batam nas esposas nem com uma rosa.
Naquele momento expirou... e um perfume de rosa tomou conta do
cemitério, segundos antes tentou esticar sua mão
mirrada e tocou no
túmulo
da esposa e disse: amei-te até morrer, vejo um
an-jo chegando, estou partindo, não tenho dúvida de que vou te encontrar no
paraíso onde só o amor pode nos levar, acenou para o coveiro deu-lhe um ósculo e
descansou
em paz.
No dia seguinte o coveiro requereu sua
aposentadoria, e começou a
visitar os lares pregando o amor e a união entre
os casais, sem ganhar nenhuma remuneração pregou a caridade até
o último dia de
vida.