Era uma vez uma menina que ganhou uma caneta dourada, com um pequeno
vidro de tinta azul escura.
Ela estava acostumada a escrever a lápis
e a menina desenhava letras desengonçadas, porque seria com elas que
seu nome ficaria marcado para sempre.
As letras maiúsculas para os
nomes principais e minúsculas para a complementação dos nomes.
O problema é que a menina acostumou mal a caneta e somente a usava
em ocasiões especiais, quando tinha festa de gala com as le-tras;
ocasião que ela mesma se vestia de princesa.
As flores que mais
gostava – (aquelas
que caem em cachos multi-cores),
brancas, vermelhas, amarelas – passeavam nos seus olhos vivazes.
Sabe quando sonhamos que a vida é cheia de flores e colorido?
Era
assim que ela fazia.
Colocava um paninho bordado, do lado direito um
copo de vidro com algumas das flores, o caderno de folhas brancas e
limpas, os lápis bem apontados e a caneta dourada.
Diga-se de
passagem, a caneta adorava assistir as cartas que a menina aprendeu
a escrever.
Cansada de ser expectadora de tantas letras que balançavam à sua
frente, a caneta resolveu conversar com a menina.
- Quero que me use, de agora em diante.
Nada de lápis e borracha.
Chega de apagar o que é escrito.
O que se escreve deve ficar para
sempre!
- Mas eu não sei usá-la, Dona Caneta!
- Vai aprender, menina.
Passarei a ser sua melhor amiga!
A menina ficou triste com a chamada da Dona Caneta.
No outro dia,
timidamente, deslizou a caneta azul nas folhas de papel e escreveu:
Querido Tempo,
Nunca deixe que eu perca a minha mente de menina.
Mesmo que pequena
eu continue, ensine-me a escrever somente coisas boas, bordar as
letras com alegria e preencher as linhas do meu caderno com muitos
pensamentos bons, como se o mundo parasse neste momento, cheio de
flores e cores bonitas.
E assinou, pela primeira vez, o seu nome.
Ficou lindo!
E a caneta
sorriu, aninhando-se nas pequenas mãos da menina.
Final de junho de 2012 – pura emoção e saudade de minha caneta
dourada.