Recebi em 12/12/2008 |
A Internet, e seus encontros internetários sempre gera controvérsias.
Alguns acham ser impossível haver seriedade nesse tipo de relacionamento, enquanto outros acre-ditam ser perfeitamente possível surgir um amor, mesmo sem o contato físico, e o amor firmar-se mais ainda após o conhecimento físico.
Isso aconteceu com Lunapiccolla e Sunshine (os nicks que usavam...)
Lunapiccolla morava em São Paulo, tinha uma vida boa, bem estruturada, mas teve a infelicidade de fazer um péssimo casamento, com uma criatura que conseguiu desmanchar todo um patrimônio arduamente conquistado com o esforço de ambos.
E mais ainda, tinha uma família paralela.
Por causa desses percalços todos, Lunapiccolla ficou com a saúde abalada, e, após uma série de desilusões, resolveu mudar para Porto Alegre, onde conseguiu uma boa colocação, que lhe permi-tiria continuar a cuidar de seus filhos.
Preparou-se para curtir a solidão de uma vida sem amor, já que não pretendia relacionar-se com mais ninguém.
Estava desiludida com o amor e com os homens.
Instada por um amigo, resolveu penetrar no mundo da Internet, mas apenas com a ideia de “conversar” mesmo à distância com pessoas de sua idade, preferencialmente com mulheres, com as quais poderia trocar ideias, receitas, e manter aquele papo gostoso, construir novas amizades.
Fez uma busca nos perfis masculinos, curiosa com as buscas do sexo oposto, mas achava difícil aos 48 anos um homem com idade próxima a sua ter interesse nela.
Os homens, pensava ela, querem mulheres mais novas pelo menos 20 anos.
Teria que encontrar alguém próxima aos 70 anos? Muito velho!.
Sunshine, gaúcho de nascimento, viveu muitos anos em São Paulo, onde constituiu uma família feliz.
Sofreu um drama, quando sua esposa descobriu estar com uma doença terminal.
Seu penar durou muitos meses.
Após seu falecimento, sentiu o mundo desabar de vez, pois a amava muito.
Não tinha mais ânimo para nada.
Seus filhos conseguiram convencê-lo a comprar um computador, e trataram de ensinar seu funci-onamento.
Mas ele não tinha vontade para tanto.
Contudo, foi convencido a entrar numa sala de bate papo para ver se encontrava alguém para conversar.
Deixou seu perfil cadastrado, mas apenas porque seu filho, depois de muito insistir, acabou fa-zendo ele mesmo.
Quatro meses após a morte da esposa, perde o filho também, aumentando sua tristeza e sua solidão.
Luna só procurava conversar com mulheres, e Sunshine queria mulheres apenas para não ficar sozinho, pois não acreditava num outro envolvimento.
Conheceu duas ou três pessoas mas não passou de um encontro com um bom papo.
Ele sonhava com uma nova companheira, pois não conseguiria passar os seus dias sozinho.
Procurava perfil de loira, ruiva, japonesa.
Morena nem pensar.
Nunca havia namorado com uma morena...
Não era seu tipo.
Quase que por acaso, numa das vezes que Luna entrou, teve sua atenção atraída pelo perfil de Sunshine.
Escreveu para ele, e começaram a conversar.
Descobriram que ambos apenas queriam esquecer suas dores.
Assim, nasceu a amizade entre eles.
Sentiram-se ligados por laços de tristeza, mas nas conversas que se seguiram, descobriram muitas afinidades.
Não queriam trocar fotos.
Luna queria primeiro conhecer a alma de Sunshine antes de travar conhecimento.
Ele imaginava como seria essa morena, mas apenas por curiosidade.
Com morena ele não pensava em se envolver.
Apesar de não desejarem qualquer envolvimento, a amizade foi crescendo.
Ao mesmo tempo, ambos sentiram que poderia surgir algo mais forte entre eles.
De uma amizade muito sincera para o amor, foi um pequeno passo.
Luna e Sunshine sentiram que poderiam dar um novo rumo à vida.
Havia aquele receio de que no conhecimento físico, pudesse haver alguma decepção.
Mas não poderiam continuar naquela situação.
Sentiram que esse amor assim surgido, sem qualquer procura, sem que eles o quisessem, poderia terminar com a tristeza em que ambos viviam.
Sunshine insistia para jogar a cartada decisiva, e, como morava em Canoas, após 40 dias de ha-verem tomado a decisão de se conhecerem, e com a concordância de Luna, resolveu ir até o Porto Alegre para conhecer sua já querida Luna, e ela por seu lado, não via a hora de conhecê-lo.
De receber aquele abraço e aquele beijo tantas vezes trocado via Internet.
Tantas vezes trocado por telefone, nas intermináveis conversas que faziam a alegria da Embratel.
E foi o que aconteceu.
Quando se conheceram, parecia ser apenas um reencontro de velhos conhecidos após uma pro-longada ausência.
Quando se encontraram, ambos tímidos, apenas conversavam.
Conversavam e pensavam nos beijos que poderiam dar, mas tinham receio.
Despediram-se, e Luna tomou a iniciativa de dar o chamado selinho.
Sunshine aproveitou a oportunidade, a abertura e lhe deu um beijo ardente, e viveram no real aquele amor tão anelado, tão sonhado em longas noites de solidão.
O amor que era apenas virtual, com o conhecimento físico, revelou-se em sua plenitude, termi-nando com aquela solidão que os atormentava.
Eles conseguiram transformar um lindo amor virtual, num maravilhoso amor real.
E estão vivendo essa linda história já há um ano e oito meses, e agora vão se casar.
Parabéns crianças...
É gostoso ver que a Internet, ao lado de hackers, disseminadores de vírus, e tanta gente mal intencionada, também tem seu lado bom.
É certo que existem muitos casais que, a exemplo de Sunshine e Lunapicolla, encontraram sua felicidade, encontraram o amor, começado sem qualquer ideia preconcebida, meio que a contra gosto numa sala de bate papo da Internet.
E que essa felicidade se perpetue, é que desejam os respectivos filhos e familiares, e, claro todos aqueles que conhecerem uma história tão linda.
Realmente, esse amor é muito lindo, e que seja eterno, enquanto é terno.
Agora em setembro, se casam e muitos outros amigos que conheceram pela internet estarão presentes na cerimônia.
E, como nos velhos contos de fadas, que se possa dizer "...e viveram felizes para sempre..."