UBERABA, MG (FOLHAPRESS) -
Uma senha deixada a três pessoas pelo médium Chico Xavier
(1910-2002), cuja morte completa 20 anos nesta quinta-feira (30), é
a chave para descobrir se ele se co-municará por meio de mensagens
psicografadas e mesmo se voltará a reencarnar.
Pelo menos é o que garante
quem a recebeu, ainda nos anos 90.
Francisco Cândido Xavier
morreu aos 92 anos em Uberaba, no Tri-ângulo Mineiro, em 30 de junho
de 2002, dia em que a seleção brasileira de futebol conquistou no
Japão o quinto título da Copa do Mundo.
Ele chegou à cidade em 1959 e
logo transformou Uberaba num polo de peregrinação de espíritas em
busca de mensagens, consolo e cu-ra para doenças.
Publicou 490 obras, algumas
editadas após sua morte, muitas tra-duzidas para outros idiomas, mas
dizia que os espíritos, e não ele, eram os autores dos textos.
Entre os livros estão
best-sellers como “Parnaso
de Além-túmulo”, com 59
poemas atribuídos a poetas brasileiros mortos, como Castro Alves e
Augusto dos Anjos, e “Nosso
Lar”, publicado em 1944.
O código secreto foi deixado
pelo líder espírita a três pessoas que o acompanharam em sua vida,
das quais duas já morreram: o médico Eurípedes Tahan, que morreu em
2017 e acompanhava a frágil saú-de de Chico, e a amiga e vizinha
Kátia Maria, que morreu em 2012.
O único vivo é o dentista
Eurípedes Humberto Higino dos Reis, 72, que conviveu com Chico por
mais de quatro décadas e que se con-sidera filho adotivo do médium.
A Justiça, porém, não
reconheceu o vínculo em primeira instância, e Reis disse ter
desistido de tentar provar a paternidade.
Herdeiro do patrimônio deixado
por Chico, ele administra o Museu Chico Xavier, mantido por recursos
próprios e cuja receita é ori-unda de doações e de livros e
suvenires vendidos aos turistas reli-giosos que visitam a casa em
que o médium morou.
Se Chico Xavier vai entrar em
contato por meio de mensagens psicografadas, isso é algo que está
reservado ao futuro e ainda não ocorreu, contou o dentista à Folha
de S. Paulo.
"Em vida já havia pessoas que
diziam ter psicografado o Chico, imagine com ele desencarnado.
Por isso ele deixou a “senha”,
conta Reis.
Sem filhos ou herdeiros, o
dentista disse que não vai revelar o código para ninguém, mas afirma
que o médium não voltou nem há algum sinal de que isso esteja
prestes a acontecer.
Reis disse que muitas pessoas
inventam histórias dizendo que receberam mensagens do médium, mas
nada do que foi apresen-tado até hoje continha o código
estabelecido, de acordo com ele.
“Chico escreveu uma carta em
1957, antes de se mudar para Ube-raba, que falava que reencarnaria.
Mas isso ainda não aconteceu.”
O segredo foi entregue aos
responsáveis pela autenticação nos últimos anos de vida de Chico.
Kátia Maria o recebeu oito
anos antes, assim como Reis.
MÉDIUM DEIXAVA
RECADOS AOS ESPÍRITOS
Numa noite de outubro de 1996, seis
anos antes de sua morte, o banheiro do quarto de Chico precisava de
conserto no sistema de água, o que fez com que tivesse de dormir no
quarto ao lado.
Para não correr o risco de
perder alguma eventual visita espiritual, escreveu numa folha de
sulfite uma mensagem informando da mu-dança.
“Se algum amigo espiritual por
ventura estiver determinado a me proporcionar a alegria de uma
visita, aviso que estarei nesta noite, somente hoje, no quarto à
esquerda, onde estarei com a satisfação de receber”, diz trecho.
A mensagem, exposta na entrada
do quarto em que ele morreu, termina com um aviso de que a porta do
aposento provisório estava aberta. |