Estuário da saudade Noite derramada na foz da
saudade
No interstício de qualquer tempo
O estuário da memória transborda
Desaguando no oceano da tua ausência
Os olhos voltam-se à margem
Onde flutuam os dias presentes
No mergulho de todas as buscas
O fôlego do pensamento
Que sempre te respira
No velejar dos gestos cotidianos
A mudez do brilho das estrelas
O refugiar da solidão no horizonte
Talvez por ser no infinito
Que as pálpebras se abrem
Ao fluxo de todas as perguntas
À superfície dos meus silêncios
Todos os anseios e desejos
E o afluir de todos os sonhos
No cais do tempo, a serenidade
Que não atraca em meu peito
No ancoradouro dos olhares
A vigília sedenta da espera
Fernanda Guimarães
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