Abismo de Rosas - Canhoto e João do Sul

 


Ao amor em vão fugir
Eu procurei,
Pois tu
Breve me fizeste ouvir
Tua voz, mentira deliciosa...
E hoje é meu ideal
Um abismo de rosas,
Onde a sonhar
Eu devo, enfim, sofrer e amar!

Mas hoje que importa
Se tu'alma é fria?
Meu coração se conforta
Na tua própria agonia.
Se há no meu rosto
Um rir de ventura,
Que importa
o mudo desgosto
De minha dor assim,
Sem fim...

Se minha esperança
O que não se alcança
Sonhou buscar,
Devo calar
Hoje o meu sofrer
E jamais dele te dizer.
O amor se é puro
Suporta obscuro,
Quase a sorrir,
A dor de ver,
A mais linda ilusão morrer.
Humilde, bem vês que vou,
A teus pés levar
Meu coração, que jurou
Sempre ser amigo e dedicado,
Tenha, embora, que viver,
Neste sonho enganado,
Jamais direi

Que assim vivi porque te amei!
porque te amei!
 

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